Leia o texto para responder às questões de 1 a 7.
Porta de Colégio
Passando pela
porta de um colégio, me veio uma sensação nítida de que aquilo era a porta da
própria vida. Banal, direis. Mas a sensação era tocante. Por isto, parei, como
se precisasse ver melhor o que via e previa.
Primeiro há
uma diferença de clima entre aquele bando de adolescentes espalhados pela
calçada, sentados sobre carros, em torno de carrocinhas de doces e
refrigerantes, e aqueles que transitam pela rua. Não é só o uniforme. Não é só
a idade. É toda uma atmosfera, como se estivessem ainda dentro de uma redoma ou
aquário, numa bolha, resguardados do mundo. Talvez não estejam. Vários já
sofreram a pancada da separação dos pais. Aprenderam que a vida é também um exercício
de separação. [...] Mas há uma sensação de pureza angelical misturada com
palpitação sexual, que se exibe nos gestos sedutores dos adolescentes. Ouvem-se
gritos e risos cruzando a rua. Aqui e ali um casal de colegiais, abraçados,
completamente dedicados ao beijo. Beijar em público: um dos ritos de quem
assume o corpo e a idade. Treino para beijar o namorado na frente dos pais e da
vida, como que diz: também tenho desejos, veja como sei deslizar carícias.
Onde estarão
esses meninos e meninas dentro de dez ou vinte anos?
Aquele ali,
moreno, de cabelos longos corridos, que parece gostar de esportes, vai se
interessar pela informática ou economia; aquela de cabelos loiros e crespos vai
ser dona de butique; aquela morena de cabelos lisos quer ser médica; a
gorduchinha vai acabar casando com uma gerente de multinacional; aquela esguia,
meio bailarina, achará um diplomata. Algumas estudarão Letras, se casarão,
largarão tudo e passarão parte do dia levando filhos à praia e praça e
pegando-os de novo à tardinha no colégio. Sim, aquela quer ser professora de
ginástica. Mas nem todos têm certeza sobre o que serão. Na hora do vestibular
resolvem. Têm tempo. É isso. Têm tempo. Estão na porta da vida e podem brincar.
[...]
A turma já
perdeu um colega num desastre de carro. É terrível, mas provavelmente um outro
ficará pelas rodovias. Aquele que vai tocar rock vários anos até arranjar um
emprego em repartição pública. [...] Tão desinibido aquele, acabará líder
comunitário e talvez político. Daqui a dez anos os outros dirão: ele sempre
teve jeito, não lembra aquela mania de reunião e diretório? [...]
Se fosse haver
alguma ditadura no futuro, aquele ali seria guerrilheiro. Mas esta hipótese
deve ser descartada.
Quem estará
naquele avião acidentado? Quem construirá uma linda mansão e um dia convidará a
todos da turma para uma grande festa rememorativa? [...] Aquele ali descobrirá
os textos de Clarice Lispector e isto será uma iluminação para toda a vida.
Quantos aparecerão na primeira página do jornal? Qual será o tranquilo
comerciante e quem representará o país na ONU?
Estou olhando
aquele bando de adolescentes com evidente ternura. Pudesse passava a mão nos
seus cabelos e contava-lhes as últimas estórias da carochinha antes que o lobo
feroz os assaltasse na esquina. Pudesse lhes diria daqui: aproveitem enquanto
estão no aquário e na redoma, enquanto estão na porta da vida e do colégio. O
destino também passa por aí. E a gente pode às vezes modificá-lo.
(Affonso Romano de Sant’Anna, in “Porta de colégio e outras crônicas”)
1)
No 1º parágrafo, o narrador traça um paralelo entre a
porta do colégio e a porta da vida.
a)
A que se refere a palavra aquilo na frase “me veio uma sensação nítida de que aquilo era a
porta da própria vida”? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
b)
Interprete:
de acordo com o texto, o que é a porta
da vida? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2)
Ainda no 1º parágrafo, o narrador percebe que a
sensação que teve pode ser alvo da crítica de seu leitor. Transcreva a frase que evidencia essa consciência.
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3)
O narrador para diante da cena com o objetivo de “ver
melhor o que via e previa”.
a)
Especifique
em que parágrafo do texto o narrador descreve o que ele via.
_______________________________________________________________________________
b)
Agora especifique
os parágrafos que descrevem o que ele previa.
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4)
Ao reparar no que vê, o narrador distingue dois grupos:
um “bando de adolescentes espalhados pela calçada” e “aqueles que transitam
pela rua”.
a)
Deduza: qual
desses grupos já atravessou a porta da vida?
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b)
Além do uniforme e da idade, o narrador percebe uma
diferença mais sutil entre os dois grupos. Explique
o que caracteriza o grupo dos que ainda vão entrar pela “porta da vida”. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5)
Situados entre a infância e o mundo adulto, alguns
adolescentes que começam a entrar pela “porta da vida” já sofrem os primeiros
impactos da vida.
a)
Transcreva
duas expressões empregadas no 2º parágrafo, de sentidos opostos entre si, que
mostram a fase de transição vivida pelos adolescentes.
_______________________________________________________________________________
b)
Identifique
um exemplo de impacto que é mencionado no texto, no 2º parágrafo.
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c)
Interprete a
frase: “Aprenderam que a vida é também um exercício de separação”.
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6)
Observe como
é o futuro que o narrador prevê para cada um dos adolescentes. As previsões são
todas otimistas? Explique.
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7)
No último parágrafo, o narrador faz uma reflexão final
sobre a cena que vê na frente da escola.
a)
Que sentimento
ele revela ter pelos adolescentes que se preparam para entrar pela “porta da
vida”? _______________________________________________________________________________
b)
Que imagem ele utiliza para representar a chegada da
vida futura? Ela é positiva ou negativa? Por quê?
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a)
Nesse cartum, é feita uma crítica que se apoia em um
par de homônimas. Identifique-as e explique o significado de cada uma
delas.
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b)
Agora explique
a crítica presente no cartum.
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Às sete horas da manhã, a rua acordava. Era
possível ouvir o grito irritante daquelas lindas crianças que choravam rios de
lágrimas enquanto suas mães terminavam de preparar o café da manhã. O brilho do
sol naquele dia ensolarado não era suficiente para animar os adultos, que
acordavam com o 'trim' do despertador para trabalhar.
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10) Leia com atenção.
a)
Que
expressão a mãe tentou suavizar? Por quê?
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b)
Nomeie a figura de linguagem utilizada pela mãe.
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11)
Observe essas dicas
para completar a cruzadinha abaixo:
1. Ato ou efeito de descrever, detalhar.
2. Extensão de uma linha ou objeto, tamanho.
3. Verter suor pelos poros, transpirar.
4. Compartimento onde se guarda mantimentos.
5. Saudação, elogio, realização de um serviço, uma
obrigação.
6. Melodia, cantiga, peça de música para uma só voz.
7. Prudência, reserva, qualidade ou atitude de quem é
discreto.
8. Trabalhador rural, amansador de cavalos.
9. Produzir som, bater (hora), tocar (sino).
10. Medida de superfície, espaço aberto no interior de um
edifício.
11. Brinquedo que gira, impulsionado por uma corda.
12. Permissão para não se fazer algo a que estava obrigado.
13. Aquele que deixa sua pátria para viver em outro país.
14. Ato ou efeito de criar de novo.
15. Divertimento, prazer, lugar de recreio.
16. Pessoa que entra num país, onde passa a viver.
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